quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

Pesquisadores brasileiros sequenciam genoma do Ipê-roxo

Crédito: Evandro Novaes
Cientistas da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia (DF) e da Universidade Federal de Goiás (UFG) sequenciaram, pela primeira vez, o genoma de uma espécie nativa do Cerrado: o ipê-roxo (Handroanthus impetiginosus). A conquista é tema de artigo publicado na revista GigaScience, da Universidade de Oxford, Reino Unido.

Para a diretora-executiva do Conselho de Informações sobre Biotecnologia (CIB), Adriana Brondani, o sequenciamento genético é uma parte fundamental do esforço de desenvolver organismos geneticamente modificados (GM) com características de interesse. “Sem ele, não é possível começar nada em termos de transgenia ou edição genética. É o primeiro passo para conseguirmos, por exemplo, alterar o DNA do ipê-roxo para incluir nele genes de resistência à seca ou identificar trechos do genoma da espécie responsáveis por características típicas da planta, a exemplo da densidade da madeira. ”

A descoberta poderá auxiliar órgãos ambientais no combate à exploração clandestina de madeira. No Brasil, uma fração significativa da sua exploração madeireira acontece clandestinamente, sem manejo certificado. A genotipagem pode auxiliar os órgãos ambientais a rastrearem as árvores exploradas ilegalmente. Para o a conservação e uso sustentável do ipê-roxo, o conhecimento molecular pode ajudar a selecionar genótipos.


Além disso, o mapeamento do DNA do ipê abre caminho para a análise genética de outras espécies nativas do Cerrado. Outros estudos já estão em andamento com caju, mangaba, baru, cagaiteira e uma árvore ameaçada do Cerrado, denominada dedaleiro. “Está claro, atualmente, que cada genoma conta uma história particular, mas o conhecimento adquirido facilita os novos desafios, especialmente no campo da análise”, afirma o pesquisador da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, o físico Orzenil Silva-Junior, primeiro autor do artigo.


Não é apenas a beleza do ipê-roxo que atrai os olhares dos mercados nacional e internacional. Trata-se de uma árvore que fornece madeira densa, de alta qualidade e resistente ao ataque de insetos e à ação do fogo. Todos esses predicados fazem com que o ipê seja conhecido hoje como o novo mogno, muito utilizado na fabricação de pisos, decks e assoalhos, principalmente nos Estados Unidos. Além disso, devido à produção e ao armazenamento de compostos químicos de interesse para a área de saúde, é uma árvore bastante visada para exploração de produtos medicinais.


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